domingo, 11 de janeiro de 2009

corpos e dramaturgias

Nesta sociedade moderna e habituada ao pragmatismo da palavra, o valor do corpo torna-se também segredo e a sua expressão e linha dramatúrgica são cada vez mais ignoradas.
Tal como na guerra, o Homem está dividido em dois pontos, o intelecto e a acção, e os dois funcionam em cooperação. Como nem sempre fazemos o que pensamos, e nem sempre pensamos no que fazemos, estes dois elementos tem que ser vistos e analisados um a um. Mas também, porque às vezes pensamos no que fazemos e fazemos o que pensamos, temos que ser objectivos na análise dos dois factores principais das nossas escrituras.
A percepção e consciência das nossas acções são importantíssimas naquilo que vão ser as nossas reflexões, ao mesmo tempo que pensamos, onde estamos, porque estamos, com quem estamos, estamos. E isso é na maioria das vezes, e neste caso em concreto, o fenómeno teatral.
A “teatralização do corpo” não é uma especificidade da arte performativa, mas sim uma necessidade permanente da identidade e criação do mito. E por isso, faz com que sejamos todos/as pequenos/as personagens, aquilo que queremos prevalece sobre aquilo que somos. Mas isto pode ser também uma repressão bruta à expressão dos corpos. Por exemplo, conta-se que num campo de concentração nazi, um prisioneiro de guerra foi obrigado a desenterrar os corpos desfeitos e deteriorados dos seus familiares, sem ajuda de qualquer tipo de instrumento apropriado, é obrigado ao confronto da morte dos seus, oprimindo expressões, sentimentos e palavras de dor por quem havia perdido.
A existência do corpo é tão importante na vida como no teatro, e estes estão na mesma linha de ideias do mistério do ovo e da galinha.
A forma como nos comportamos na sociedade, de formas diferentes, em sítios diferentes e contextos diferentes é reveladora das micro personagens que vos falava há pouco. E o público-alvo é também definidor da nossa performance.
Adequação do discurso ao corpo é a construção de volume e textura da mensagem, tal como, a idade, o tempo e a memória, são a flexibilidade e a geometria do corpo no espaço. Por isso, estes cinco elementos são definidores das acções e relação dos objectos no espaço. Por exemplo, o corpo “jovem” de Hitler, o contexto social, a memória alemã, o tempo em que viveu e as pessoas a quem se dirigiu, foram os elementos principais na construção do seu micro personagem, de macro valor.
...quanto mais próximos estamos do corpo da dramaturgia, mais próximos estamos do corpo da personagem.

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