domingo, 5 de janeiro de 2014

Carta à Mãe

Mãe
eu não sou Afonso Henriques
nem Édipo
ou Hamlet
Mãe
eu fui Kafka nas cartas que escrevi ao Pai quando tinha quinze anos
Mãe
lembra-te de quem sou
Dorian Gray
não sejas George Orwel
Mãe
não creio ter futuro na tv

quinta-feira, 23 de maio de 2013

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OS 
 ramos
 A 
 horta 
moita
 AS 
 flores 
OS 
ramos
 O 
pinto
 as coisas e os nomes.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

antónio podia ser sócrates

adeus antónio
olá pra sempre
não pela falta de hipótese
sim pela falta de escolha
porque um nome de tantos
não pode ser o nome de ninguem
inventas histórias
és português
não és antónio, tudo bem
mas conheces?
nome sem rostos
antónio josé da silva
"o jodeu"
e eu, antónio?
o quê?
antónio o quê?
antónio não serve de nome
nem de figura
sócrates é sócrates
e eu?
antónio?
fácil
nada sei
como sócrates

terça-feira, 12 de julho de 2011

num tronco seco de uma árvore
sento-me
sempre no tronco mais fino
ontem foi
"agora outra coisa"
dia de salada
já há dias só de hidratos
comi legumes
bebi vinho
voltei a ter lágrimas
contive sempre
alias
como nunca
ou jamais
de outra forma
vesti calções depois do banho
esta semana dificilmente irei à praia
dormi
acordei à hora marcada
abri os olhos
ao de leve
e fechei
rápido
voltei ao tronco
ao corpo
é dia

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

a minha mãe disse, deus não existe!
amanhã, à hora de rezar, ajoelho-me e agradeço-lhe o pão.
o corpo de cristo.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Cavaco

Deus é feio!
Deus é mau!
Deus dá dentes de ouro a quem tem fome,
e ouro aos donos dos supermercados!
Deus é feio!
Deus é mau!
Sim, cavaco é deus.
E eu?
Eu não vou à missa.
sujo de tinta de caneta,
escrevo ao computador.
a carta.
responde por e-mail...
o carteiro não vem cá a casa.
cortei o o dedo nas lentes dos óculos.
as unhas nem sempre protegem!
ai escudos dos dedos!
fosse a apalpação a única forma de tacto...
e dar-te-ia o meu coração.
que da própria inutilidade, servir-te-ia na mão.
mutilei o corpo...
na única parte que sente.

cócó

excremento de infante em face de pobre,
é como argila em cara de nobre.
conceitos perdidos?
só a verdade!
a poesia é concreta.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

23 de dezembro

é demasiado tarde para comer um cachorro
e o bacalhau ainda está de molho!
vou fazer torradas com pão de rabanadas.
assim como assim, está quase na hora do pequeno almoço!